sexta-feira, 16 de abril de 2010

~~~~~~ Die Ecke der Geier.~~~~~~~

----O canto dos abutres... ----  Cap. I

O som do piano ecoava pela ladeira em meio ao pequeno bordel de esquina, movimentado pela ralé alemã. 
Um melodia triste e agoniante, que trazia de longe, os boêmios e prostitutas desenganadas com a vida imunda que mantinham. 
Seus dedos eram ágeis, conforme apertava as teclas do piano, de forma suave.  Os cabelos negros jogados sobre um rosto, de menina, sardento e muito pálido, enquanto os olhos, permaneciam fechados, apenas deixando fluir a música, que saia da alma. 
Andreas, jamais permitia que continuasse ali, que tocasse em um local feito aquele. Mas por que se importar? Era ali que queria estar. Em meio a dor de tantos... Em meio ao pecado que tanto lhe chamava a atenção. Em meio a luxúria, propriamente dita.

------ Spiegel der Seele.-------

... Podia ouvir o som que a atormentava. A respiração ofegante, dos que despertavam seus desejos ocultos, sobre as mesas do cabaré, ou sobre os degraus das escada. 
O gemidos, que faziam sua apele arrepiar, enquanto o homem entregava-se a sua natureza imunda e animalesca, deixando o social, porta a fora. Ainda sentia o gosto amargo da ultima experiência que tivera, enquanto libertava mais uma alma, do corpo e coletava espelhos  de corpos sem vida...

O som do piano tornava-se forte, dando náuseas e pânico a quem ouvia. Uma mistura de sensações, que parecia dilacerar almas esquecida, por anos, dentro de um corpo que não se importava com as reações de sua ações e a quantos afetariam.
E então a música cessou, fazendo explodir uma onda de aplausos, ao que ela, não retribuiu, com nenhuma expressão o menção de agradecimento.
Agnes apenas levantou-se, batendo a tampa do piano, de forma violenta sobre as teclas amareladas do piano, deixando o palco, enquanto perplexos, o "público" a acompanhava com os olhos.

Sentia as asas pesarem, ainda quando abria a porta e jogava o casaco de lã, sobre o vestido fino, negros de mangas compridas, sob o espartilho vermelho. As botas rasteiras, castigavam o asfalto conforme andava, rápido em passos duros e firmes, em direção a praça.
Era outono e ainda haviam folhas secas sobre o chão gramado, às margens do lado, enquanto o vento frio esvoaçava seus cabelos, na direção contrário a o rosto, fazendo-a fechar os olhos.

Ouvia o canto dos abutres nas árvores, esperando que cedesse a vida e desabasse a qualquer momento, feito um agouro de morte.
Essa era uma daquela noites onde sentis que deveria ter sido entregue a impureza dos vícios e deixado o corpo sucumbir em fim.

As costas bateram sobre o amontoado de folha, que se misturaram ao seus cabelos, enquanto as lágrimas rasgavam-lhe a face de forma dolorosa.
ora, o que havia se tornado e fim? Um brinquedo do mal, que a qualquer momento seria descartado, quando não mais tivesse utilidade. Quando o mundo finalmente se extinguisse por completo e apenas o pó sobrasse. Se sobrasse.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O ladrão de almas: Engel oder Dämon?

Roubar almas, não é um título que gosto de levar. Prefiro que digam apenas que eu às libertei de um mundo que não irá durar para sempre.

Os calafrios subiam pela espinha, enquanto as asas se faziam visíveis. tinha a impressão que conseguia ouvir o centro da terra respirar, assim como o ladrar de cães que tomavam a noite não mais silenciosa.

Passadas apressadas invadiam meus ouvidos enquanto os olhos, buscavam seu dono.
Lá estava ele. Alto, muito curvado pela idade e cabelos muito grisalhos. Um velho. A pneumonia  lhe atacava ferozmente os pulmões, o fazendo fraquejar por vezes, em meio a suas passadas rápidas.

E lá estava eu... Os pés balançavam para frente e para trás, fazendo o vestido esvoaçar, enquanto eu o olhava do telhado, com as faces rubras pelo frio, da noite de inverno.

Não, não era o que eu precisava naquela noite, por mais tentadora que aquela alma me parecesse. 
Curvei meu corpo para frente, deixando-o cair, toquei os pés no chão curvando os joelhos pelo impacto, que pareceu ser suavizado pelas asas agora tão negras e impiedosas, que chegavam até mesmos a me assustar.
Caminhei até àquela alma que me pareceu cativante. 
O punhal prateado estava firme em minha mão pequena. O cabo era frio e desenhado. Havia uma serpente, que por vezes, chamava minha atenção e fazia com que eu ficasse horas a olhando.

O senhor inspirou fundo após um ataque de tosse, curvando-se um pouco mais, enquanto se apoiava com dificuldade na bengala descascada.
Um gemido de dor, audível, correu pela rua, fazendo mais cães ladrarem- Eles sempre se agitavam à minha presença.
O Punhal havia lhe atravessado as costelas atingindo o coração. Apoiei a mão livre em seu peito, para evitar que caísse, enquanto ele fechava os olhos.
- Tudo bem... Está livre agora. - Sussurrei a ele, ao que ele simplesmente balançou a cabeça de forma positiva e se entregou a mim.

  Uma nota rápida: Menschen sind seltsam.

Durante anos percebi que minha voz os acalmava. Mesmo quando insistia em cantar em bailes noturnos, mesmo depois que me afastei do quarto de nós. Imagino que hoje ele não me reconheceria.

E então o repousei no chão e pedi seus espelhos, aos que sua alma, após se levantar, me permitiu com um aceno e um sorriso radiante, ao que eu retribuí sem esforço. 
Consegui extrair os olhos sem grandes problemas. Me pareciam bem satisfeitos com seu destino.
Voltei a me erguer estendendo a mão a alma muito jovem, que segurou com firmeza, desaparecendo em um beco escuro junto a ela,, segundos depois, após guardar os espelhos, dentro da bolsinha de contas.



Um Vergebung zu bitten ... Fragen Sie ... Seine Seele wird nicht gespeichert.

O dia mais uma vez, dava adeus e desaparecia no horizonte, enquanto eu retribuía seu olhar triste, cujo ele jogava à mim, enquanto se despedia, de forma exausta.
Havia aceitado o meu destino. Aquilo que agora fazia parte de mim. Era filho de um traidor? Talvez jamais saiba. Ou saiba, mas se levado em conta os parâmetros da sociedade, eu deva me calar com relação a isso.
Afastei os cabelos do rosto, ao vê-lo refletido na janela do prédio a frente. As bochechas e lábios estavam vermelhos, o que me fez sorrir. Gostava daquela aparência, me sentia mais humana, pela aparente saúde, que escondia minha palidez exagerada. 

A rua estava agitada, na pequena cidade canadense. Eu gostava daquilo. Pessoas.
Ouvir cada coração bater de uma forma unica, mas ver almas tão diferentes, me encantavam, mais até mesmo que as cores distintas do céu.
Permaneci as olhando então, sentindo um enorme aperto no peito por vê-las tão preocupadas e não ver o mundo que poderiam aproveitar. Sons e cheiros que poderiam desfrutar, assim como eu adorava fazer.