terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sob pedras e ossos... Porcos camuflados.

Seus cabelos louros, lhe caiam sobre o rosto delicado, enquanto nos lábios, um sorriso prazeroso era esboçado.
O homem urrava sobre seu corpo, fazendo a cama tremer e arranhar o piso audivelmente, fazendo-a retribuir seu desejo, com gemidos fervorosos, fazendo-o o sorrir. Pedras era atiradas às janelas do quarto da taverna, enquanto senhoras, com xales negros e vestidos de gola alta, excomungavam tal ação, ouvindo seus gemidos, enquanto tentavam a todo custo botar à porta de madeira velha abaixo.
Ele mordia-lhe o pescoço, com vontade, deixando-a marcada, enquanto suas mãos apalpavam-lhe o traseiro, feito um animal. Ele continuava a urrar, a cada estocada forme, fazendo-a gemer mais e mais, jogando o corpo para trás, enquanto ele roçava a barba mal feita entre seus seios nús. A cama parecia agitar-se conforme a ação dos dois, batendo violentamente na parede, enquanto um quadro caia do prego fazendo seu vidro espatifar-se no chão.

A multidão bradava enlouquecida, na rua abaixo da janela, pelas ações da mulher, que agora rasgava as costas de seu amante, com as unhas que lhe serviam de garras naquele momento. Um gemido longo e audível, fazendo a multidão calar-se, afastando-se da porta.
Uma cortesã, não era bem vista entre aldeões, que veneravam os bons costumes e serviam cegamente seus reis, que mal lhes dirigiam a palavra ou simplesmente os tratavam como porcos.
Madame Vivald, empurrou o homem de cima de seu corpo ofegante, enquanto nos lábios o sorriso permanecia e ele, simplesmente acendia o cachimbo, infestando o quarto pequeno com a fumaça.
Saber que era errado, mas mesmo assim fazê-lo, era algo que ela adorava, mesmo sob pedras e insultos  de homens e mulheres furiosos, que agora esmurravam a porta despejando inúmeros insultos sobre ela. Como aceitar uma mulher daquela, que atirava seus pecados sobre o rosto de todos?
Madame Vivald, passou os dedos entre os seios enquanto o homem a olhava sério, sem entender, sua expressão calma diante dos insultos.
- Não entendo...- Disse ele, tragando a fumaça do cachimbo, soltando-a para o ar.
- O que não entende?- Perguntou ela, puxando os lençois amarelados, cobrindo o próprio corpo.
Ele a olhou, enquanto procurava as palavras certas. 
- Sua calma diante de tudo o que falam.- Respondeu-lhe, enquanto a multidão enfurecida, esmurrava a porta de forma violenta, gritando aos sete ventos, sobre a cortesã que Madame Vivald era.
A mulher loura sorriu, enquanto mirava as manchas de mofo no teto, passando a ponta dos dedos sobre os lábios, manchados pelo batom vermelho, que agora também fazia parte dos lábios do homem.
- A questão é... O que eles têm a ver com tudo isso? Por que acham que se incomodam tanto?- Perguntou virando o rosto com traços delicados, para olhá-lo melhor esperando sua resposta.
Ele entreabriu os lábios tentando achar as palavras que não sairam.
- Eu... Imagino que deva ser por seus filhos. Uma imagem como a sua... De fato, acaba com a sociedade que construimos. - Respondeu-lhe como se fosse óbvio.- Ninguém quer que seus filhos se envolva com uma prostituta qualquer. Isso realmente sujaria a imagem deles.  Ninguém aceita, mulheres que dormem com homens por dinheiro, ou que usam o corpo como objeto, por puro prazer, ou pela ambição.
Ela o olhou, voltando a mirar o teto.
- Exatamente...- Assentiu com a cabeça, cruzando os dedos sobre a barriga desnuda. - Mas por que eles jamais se lembram do que fazem?- Perguntou voltando a olhá-lo.
Ele tirou o cachimbo dos lábios pensativo, olhando-a confuso.
- Não entendi a insinuação.- E realmente não havia compreendido, o que ela lhe falara.
- Sou errada por que forneço a vocês diversão e consolo?- Questionou, sem desviar o olhar.
Ele voltou a entreabrir os lábios, mas voltou a fechá-los sem um resposta.
- Mas não é correto.- Respondeu depois de longos segundos.
- Mas você não está satisfeito? Não está feliz? - Ela arqueou as sobrancelha finas, respirando fundo.
- Sim estou, mas é errado, você insinuar-se dessa forma e dormir com um homem diferente todas as noites.- Justificou-se desviando o olhar para o teto.
- Bem... Sua mulher teve de dormir com homens e passar por muitos relacionamentos... Não teve?
- Sim... Mas ela não é uma prostituta! - Disse ele indignado sentando-se na cama. Ora, quem ela pensava que era?
- Por que ela não pode ser considerada uma prostituta? Por que não pode ser apedrejada?- Disse com os olhos fixos em sua face.
- Ora, ela não é uma prostituta... Ela não recebe dinheiro em troca de uma noite.- Mais uma vez tentou achar uma justificativa.
- Então ela não é uma prostituta, por não aceitar dinheiro em troca do corpo?- Riu balançando a cabeça negativamente. - Isso significa que ela pode lhe trair se isso não envolver dinheiro?
Ele a olhou, sentindo o sangue ferver.
- Mas é claro que não! Jamais poderia me trair. Eu não aceitaria.- Respondeu-lhe exasperado. Ela realmente não tinha o direito não é?
A mulher passou a mão sobre os cabelos louros jogando-os para trás.
- Sou apedrejada por fazer do meu prazer meu trabalho, deixar explicito?- Perguntou ela sem se alterar, enquanto continuava a olhá-lo. - Então podemos dizer, que muita daquelas mulheres lá embaixo, cujo muitas vezes vi traindo os próprios maridos, deixando que qualquer homem entrassem em suas casas, por várias noites enquanto, aqueles cujo deveriam estar ao lado delas, também as traiam em outras cidade, como você faz com sua mulher. Todas são prostitutas? Você é um cafetão meu caro!
Ele levantou-se indignado, levantando instintivamente a fim de acertá-la no rosto, mas logo a baixou, entendendo o recado.
A questão é que todos olhavam para os erros do próximo, mas esqueciam-se do quanto pecavam e que pior faziam.
O homem abaixou-se no chão, pegando suas vezes, que estavam espalhadas pelo cômodo, vestindo-se.  Caminhando em direção a porta e saindo do quarto, enquanto ela, voltava a deitar-se exausta, virando-se para o lado, fechando os olhos e adormecendo.
A multidão não mais existia. Talvez eles a tivessem ouvido, e como baratas na luz fugiram, para baixo de suas máscaras, agora que realmente haviam sido descobertos.


                     Les porcs ont été camouflage seulement.

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